segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Vuur – In This Moment We Are Free – Cities (CD-2017)

Vuur - In This Moment We Are Free - Cities (Cd-2017)

Anneke Is Back In Town!
Por Trevas

Já se passaram 23 anos desde que Mandylion, terceiro disco do enigmático The Gathering, apresentou a bela voz de Anneke Van Giersbergen ao mundo. Embora a banda flertasse com tantos estilos diferentes dentro de sua música, a aura Doom/Gothic Metal que permeou Mandylion e o álbum subsequente, Nighttime Birds, acabou por tornar Anneke uma espécie de musa da emergente cena de bandas pesadas com vozes femininas. Essa identificação fez com que a ruivinha, após sua saída da banda, em 2007, sempre fosse cobrada em seus trabalhos solo pela falta de peso e flerte com a música alternativa. As várias participações de Anneke em projetos de Heavy Metal (Ayreon, Devin Townsend, Moonspell e até mesmo Napalm Death) acabavam por aumentar a ansiedade daqueles que ainda gostariam de ver a simpaticíssima cantora de volta a uma banda efetivamente pesada. 

Anneke lá nos idos de 1990 e fumacinha

E esses anseios foram respondidos pela criação de uma nova banda, na qual Anneke se junta a amigos compatriotas com quem já tocara no passado. Jord Otto (Revamp) e Ferry Duijsens (Anneke) nas guitarras, Joham Van Stratum (Stream Of Passion) no baixo e o monstro Ed Warby (Gorefest, Ayreon) na bateria. O nome escolhido, Vuur, soa estranho. Mas ao que parece significa fogo, paixão, em holandês. Faz sentido. E o primeiro trabalho é conceitual, trazendo 11 músicas inspiradas por cidades que a cantora julga especiais, e por como a “vibe” de cada cidade desperta de maneira diferente um sentimento de liberdade. Diferente e interessante, mas vamos ver se musicalmente a coisa funciona.


O Disco

My Champion Berlin inaugura o disco de forma interessante, um som diferente, a despeito do approach vocal lembrar seus primórdios no Gathering. A ligação com a antiga banda fica extremamente mais clara em Time Rotterdam, com seus riffs que beiram o Doom e com Anneke cantando (e como canta!) exatamente como fazia em Nighttime Birds.


The Martyr And The Saint - Beirut já traz algo mais próximo do Prog Metal, ainda que em nenhum momento de maneira exibicionista e gratuita, as melodias ainda são o foco da música. E por falar em melodias, a dramática The Fire – San Francisco, traz algumas das mais fantasmagóricas que a ruivinha já compôs em toda sua carreira.

Vuur, banda ou projeto? O tempo dirá...

Freedom – Rio é a primeira faixa a transitar por um clima mais alegrinho e afim da carreira solo da cantora. Falar o tempo todo de Anneke faz parecer que o instrumental aqui é mero objeto decorativo de fundo, o que está longe da verdade. Brilhantemente produzida por Just van der Broek (tecladista do After Forever e ReVamp, embora tenha resistido e não exista sequer um teclado evidente no disco), que assina todas as composições em parceria da vocalista e outros membros da banda, a bolachinha deixa espaço para todos os excelentes músicos brilharem. E talvez o melhor exemplo desse fato seja visto em Days Go By - London, primeira música de trabalho e, possivelmente, a melhor de todo o repertório. Nela podemos apreciar as guitarras afiadas e ótimos solos de Otto e Ferry, além da sempre acachapante bateria da máquina Ed Warby.


Ed que bate bem forte na pesada Sail Away – Santiago, uma música forte e de clima algo pesado, contrastando com a algo sonhadora Valley Of Diamonds- Mexico City. A tranquilidade permeia de maneira um pouco mais soturna a boa Your Glorious Light Will Shine - Helsinki, que traz ótimos solos de guitarra. As guitarras também são o destaque em Save Me – Istambul, a mais Heavy Metal de todo o disco. O link com o que a vocalista faz em sua carreira solo (e com o que ela fez em seu último disco do Gathering) se dá na faixa de encerramento, Reunite! – Paris, que tem mesmo cara de fim de festa.


Veredito da Cripta

In This Moment We Are Free – Cities é um daqueles trabalhos que crescem a cada audição. Excelentemente bem produzido e tocado, traz alguns dos melhores momentos da carreira de Anneke. E o que é melhor, está longe de soar como uma requentada do que ela fizera no The Gathering. Embora as comparações sejam inevitáveis devido a alguns padrões de melodias, Vuur é uma banda totalmente diferente, menos minimalista e mais próxima ao heavy metal, ainda que de enfoque moderno e algo progressivo. Uma excelente estreia num dos melhores trabalhos de 2017.


NOTA: 8,94


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Gravadora: Inside Out/Sony Music (Importado).
Pontos positivos: excelentes canções, ótima produção...ah e a Anneke
Pontos negativos: é definitivamente um disco que carece de algumas audições para chegar aos ouvidos
Para fãs de: The Gathering

Classifique como: Prog Metal, Metal Moderno



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